quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Cassino

Postado por Renato

Passei a noite de segunda num cassino e só cheguei em casa às 2 da matina...

Calma aí... não sou nenhum jogador inveterado que fica torrado seu dinheiro noite a dentro de forma completamente inveterada, não! Estas pessoas existem, como pude comprovar pessoalmente, mas o que eu fui fazer num cassino até tarde da noite tendo que acordar às 7 da manhã para trabalhar foi outra coisa: fui voluntariar.

A jogatina aqui em Alberta - não sei se no país intero é assim - é regulamentada e há muitos cassinos por estas bandas, mas há regras claras, ditadas pela Alberta Gaming and Liquor Comission. Além de uma tributação elevada (não deu tempo de pesquisar para saber), os cassinos são obrigados a dividir parte dos ganhos com instituições cadastradas. O dinheiro é apurado em cada trimestre e rateado igualmente às instituições participando no período.

Para receber sua parte, cada instituição - normalmente ONGs ou associações comunitárias ou sociais - precisa participar da operação do cassino com voluntários. Há funções prestabelecidas (é assim que se escreve depois do acordo ortográfico???) que somente os voluntários desempenham, entre elas o envio de fichas do caixa para as mesas de jogo e a contagem do dinheiro coletado nas mesas. Consultores à serviço da comissão de jogos coordenam os trabalhos dos voluntários. Cada participação consiste em dois dias, cada um com dois turnos (à tarde e noite a dentro), sendo necessários 20 voluntários por dia.

Isto dito, estive lá como parte dos voluntários em prol do conselho de pais da escola dos meninos e fui supervisor da sala de contagem, que funciona no final do dia (22:15 até as 2:30 da manhã seguinte). O dinheiro arrecadado ($100.000,00 no ano passado) é administrado pelo conselho de pais e só pode ser utilizado para melhoramentos ou atividades relacionados à escola e que tragam benefício coletivo para todos (não pode ser para uma série específica, por exemplo).

A escola usa este dinheiro para programas extra-curriculares, reforma do play-ground, infraestrutura etc.). Faz toda a diferença, pois o orçamento do Calgary Board of Education só paga as contas e a folha de pagamento...

Cheguei lá na hora marcada, no Stampede Casino, o mais novo e luxuoso da cidade, colado no parque de exposições do Stampede. Estava vazio. Menos de 10% de ocupação, paradíssimo. Vale salientar que foi a primeiríssima vez que coloquei os pés num cassino. Não chega a ser suntuoso, mas é bacana. Deve ter umas 500 máquinas caça-níquel e 2 conjuntos de mesas de jogos. A turma do poquer joga numa sala reservada e há ainda uma casa de show, bar no centro e uma cafeteria no canto. Os voluntários têm uma sala dedicada.

Em algumas mesas tinham grupos de amigos se divertino e vibrando a cada jogada. Mas o que mais vi foram pessoas completamente enebriadas pela jogatina, fazendo aquilo de forma quase mecânica. Deprimente...

Mas o mais marcante mesmo é a quantidade de dinheiro que rola num lugar destes. Num dia totalmente morto, passou pela sala de contagem nada menos que 300 mil dólares!!! Imagine quanto cada pessoa gastou... Para cada mesa vinha uma urna metálica onde o crupiê depositava o dinheiro dos jogadores. A cédula em maior quantidade era a de 20, mas logo depois vinham as de 100, que são raras de se ver no dia-a-dia. Ou seja, o(a) camarada tira cenzão da carteira, compra um bolo de fichas e aquilo evapora em três rodadas da roleta ou em uma mão de blackjack. Eu fico imaginando quando não deve rolar num sábado animado ou num daqueles colossais cassinos de Las Vegas... Bem, cada um com suas prioridades. Eu devo continuar frequentando cassinos uma ou duas vezes por ano... mas sempre como voluntário! Do bolso é que minha carteira não sai!

P.S.: Há inúmeros cassinos nas áreas de reservas indígenas e as regras são diferentes. Entre outras coisas, não há a obrigatoriedade de rateio de parte dos ganhos com instituições sem fins lucrativos (e consequentemente nenhum rateia...) e não é proibido o fumo, regra que passou a vigorar em todos os cassinos de Alberta este ano. Esta última regra tem feito os cassinos dos índios ganharem muitos adeptos. Aqui em Calgary há uma grande reserva plantada no meio da cidade, da tripo Tsuu T'ina. Eles inauguraram um cassino lá ano passado, o Grey Eagle. Apesar de ser em terras indígenas, é dentro da cidade, bem na esquina da Glenmore Trail e 37 Street. Estão lavando a burra!!!

É isso, assim pelo menos a gente tira a poeira do blog...