quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Impressões Iniciais

Primeiramente precisamos nos desculpas por todas as visitas sem novidades que vocês fizeram ao nosso blog em mais de um mês e meio... É que botar a vida em ordem num país novo e recomeçar não é tarefa fácil!

Há um monte de burocracia que a gente tem que fazer, conhecer a cidade, achar um lugar para morar, escola para as crianças, curso de inglês para Mildred, procurar trabalho etc, etc, etc. Agora com quase 2 meses, já estamos com quase tudo equacionado.

Já temos endereço fixo e as coisas estão andando bem como planejamos. Renato e Mildred trabalhando, Mildred aprendendo bem o inglês e se integrando à vida canadense, as crianças se divertindo muito, começando a aprender o inglês e freqüentando a escola.

Nossa sala
Nosso quarto
Nosso condomínio

A cidade de Calgary é bem como havíamos imaginado. Muito espalhada, muito organizada e com alguns bairros muito agradáveis. É uma bela cidade, da qual ainda temos muito o que descobrir e que tem nos recebido muito bem.

Uma das boas surpresas que encontramos foi o grupo Cristãos Brasileiros em Calgary (http://cbcal.blogspot.com/2007/07/como-chegar-ao-nosso-encontro.html). Nós já sabíamos do grupo pelos blogs do pessoal que já está aqui, mas conhecê-lo pessoalmente tem sido muito bom! São pessoas com ideiais e visão de mundo muito semelhantes aos nossos e que têm nos ajudado muito nesta fase de adaptação e certamente nos ajudarão muito daqui para frente. Nos encontramos semanalmente aos domingos na South Calgary Community Church, sob a liderança do pastor Jaime, brasileiro há 2 anos em Calgary. Os encontros começam com cânticos e o pastor Jaime seleciona uma passagem bíblica para reflexão e faz uma apresentação sobre o tema, sempre com ligação com a nossa vida no Canadá. Cada um leva uma contribuição e fazemos um lanche coletivo no final, onde aproveitamos para trocar idéias com a turma. Temos tido uma audiência de cerca de 40 pessoas por encontro, o que é muito bom. Temos feito grandes amigos no grupo!
Natal com o pessoal do grupo Cristãos Brasileiros em Calgary (Tâmara, Orley, Pastor Jaime, Luisa, Mildred e Renato)
Papai noel foi generoso com as meninas (Larissa, Mildred, Tâmara e Bianca)
A criançada se divertiu a bessa no Natal
Agora que um novo ano está começando, vamos continuar nos esforçando para manter o blog atualizado, com novidades e informações interessantes para quem quiser conhecer um pouco melhor Calgary e o Canadá.

Um bom ano novo para todos! Nos vemos por aqui!!!

sábado, 10 de novembro de 2007

A viagem 3: etapa Natal - Calgary

Finalmente consegui roubar um tempinho para escrever... Já estamos preparando um post sobre as primeiras impressões do Canadá, mas este ainda levará alguns dias (semana que vem, sem falta!).

Seguindo nossa jornada, embarcamos em Natal no dia 31/10 conforme o previsto. Tudo correu bem no check-in da TAM (a TAM mantem um acordo operacional com a Air Canada). As malas estavam dentro do peso e o vôo saiu no horário, às 14:10.

Chegamos em Guarulhos por volta das 18:00 e seguimos para o check-in da Air Canada para pegar os cartões de embarque para Toronto e, de lá, para Calgary. Apesar de termos chegado 3 horas antes do vôo, nos avisaram para ir direto para a fila da sala de embarque, pois os operadores de raio-x estavam só com metade do efetivo. Mildred ficou na fila com Gabi e eu fui com Lucas retirar os travelers checks. Demoramos cerca de 1 hora e, quando voltamos, ainda deu para fazer um lanche no McDonald's antes de entrarmos na fase final da fila. Total: 2 horas até chegar no raio-x...

Quando chegamos no portão de embarque, fomos direto para o avião, que só não saiu no horário por causa da bendita fila (havia passageiros atrasados por causa disso). Saimos com uns 40 minutos de atraso, mas chegamos em Toronto no horário previsto.

Este trecho da viagem foi muito cansativo. O 767-300 da Air Canada não é lá dos aviões mais confortáveis e o espaço para as pernas é sofrível. Para completar, Lucas estava agitadíssimo pela viagem e não deu trégua.

Tocamos o solo canadense exatamente às 06:49 da manhã do dia 01/11. Deixamos todos descerem para evitar atropelos e, quando chegamos no saguão da alfândega, já não tinha mais ninguém! Lá entregamos ao oficial aduaneiro um formulário distribuído no avião, onde informávamos se estavamos levando mais de 10.000 dólares, líquidos perigosos, solo etc.

O cara bateu o carimbo e nos encaminhou para a salinha da imigração, para conferência dos papeis. Tinha uma fila, mas não passamos mais que meia hora. O oficial que nos atendeu foi bastante cordial, mas alguns outros demonstraram uma inesperada impaciência com outros passageiros que não falavam inglês. Foram extremamente rudes com uma senhora do Chile e com uns garotos não sei de onde, mas que estavam lá para estudar inglês. Recebemos as instruções e o providencial "wellcome to Canada", que o cara quase esqueceu!

Para nossa surpresa, as malas estavam todas intactas. Como a gente tem que passar pela imigração, tem que recolher as malas e despachar novamente, numa esteira automatizada.

O aeroporto de Toronto é muito legal. Não dá para comparar com os que conhecemos no Brasil. Como temíamos gastar mais tempo na imigação, optamos por uma conexão longa e marcamos nosso vôo para 12:00. Dava para ter ido no vôo das 10:00, que estava embarcando quando chegamos no portão de embarque, mas preferimos aguardar. Aguardamos pelo menos 2 horas e aproveitamos para fazer um lanche. Os meninos ficaram brincando enquanto a gente aguardava.

O vôo para Calgary também saiu britanicamente no horário, mas o cansaço acumulado pelas etapas anteriores foi impiedoso. Esta foi a parte mais desgastante e chegamos em Calgary só o bagaço.
Nosso primo Trajano, que mora em Calgary há muitos anos, foi nos buscar no aeroporto e ainda nos levou no supermercado antes de irmos para o apartamento que alugamos ainda no Brasil. Conforme previsto, uma pessoa da imobiliária estava nos aguardando e pudemos finalmente retirar as malas do carro e dizer: CHEGAMOS!


Sabemos que ainda teremos muito a agradecer ao Trajano e começamos de já: valeu pela carona! Quase que as malas não cabem no carro, e olha que o carro é grande!!!

É isso. Aqui estamos, recomeçando. Em breve falaremos sobre como é que está sendo a nossa vida neste país tão diferente do nosso, mas que tem nos recebido muito bem.

A viagem 2: etapa Natal

Bem pessoal, sabemos que muitos já estão roendo as unhas aguardando novas postagens sobre nossa chegada no Canadá, mas seremos um pouquinho mais cruéis... Vamos por partes, ok? Já estamos por aqui há 10 dias, mas estamos numa correria só e vamos narrar a jornada por etapas. Abaixo a segunda parte.

Nossa jornada rumo ao Canadá teve uma longa parada em Natal, onde ficamos 21 dias até a partida definitiva. Aproveitamos este tempo para tomar as últimas providências para a viagem, nos despedirmos dos nossos familiares e amigos por lá e passear um pouco (bem pouco, pois foi tudo bem corrido).

O tempo voou. Para quem estar se preparando para viajar, planejem bem os últimos dois meses, pois há MUITA coisa para fazer. Só para citar algumas: comprar passagens, comprar algumas roupas, arrumar a bagagem, desarrumar a bagagem, arrumar a bagagem de novo (pode ser que isto ocorra umas 3 ou 4 vezes...), conferir o peso da bagagem, vender o carro, última visita ao pediatra, trocar um bloco dentário, fazer exames médicos, visitar oftalmologista, mandar fazer óculos, deixar procurações, comprar lembrancinhas, cancelar celular e outros serviços e por aí vai. Como bons brasileiros, sempre ficou coisa para a última hora e foi aquela correria. Só para se ter uma idéia, teve uma procuração que foi feita na manhã do nosso vôo. No fim das contas, tudo deu certo.

Pelo menos uma coisa boa desta correria toda: não deu nem tempo de se angustiar ou ficar melancólicos.

Também não houve despedida propriamente dita. Aproveitamos os diversos compromissos "sociais" para ir se despedindo do pessoal, incluindo aí o aniversário de Renato (eu!), que fiz questão de fazer numa pizzaria, sem muita badalação. Reencontramos algumas pessoas que não víamos há anos, o que foi muito legal. Achamos que assim seria melhor. Afinal, esta partida não é muito diferente daquela que fizemos 9 anos atrás, quando nos mudamos para o Rio de Janeiro. A possibilidade de reencontro e as facilidades de comunicação são as mesmas. A grande diferença é que agora estamos indo para um lugar que nós escolhemos para recomeçar as nossas vidas e sermos mais felizes. Todas as mudanças anteriores (Natal-Rio, Rio-Recife, Recife-Salvador) foram motivadas pelo trabalho. Agora somos nós que estamos no comando.

O dia da viagem foi realmente bem corrido. Acordamos cedo para levar as bagagens já pesadas para antecipar o check-in. Usamos a pick-up velha de guerra lá de casa (e põe velha nisso, coitada!), mas foi viagem perdida: acredite se quiser, TODOS os guichês do aeroporto de Natal ficam fechados pela manhã pois não há um vôo sequer... Voltamos para Natal e fomos resolver as coisas que faltavam. Mildred foi cancelar o celular, eu fui providenciar uma procuração para vender o carro e ainda consegui cortar o cabelo. Ainda tivemos que ir no banco fazer um TED para comprar os travelers checks. A estas alturas, já eram 12:00 e o vôo saiu às 14:10. Ainda passamos na casa dos meus pais e depois seguimos para o aeroporto. Foi na conta. Despachamos as 7 malas e entramos com os meninos e outras 4 malas para o embarque.

Por causa do horário, muita gente não pode ir para o aeroporto, o que evitou maiores comoções. Conforme esperado, as avós foram as que mais se emocionaram, mas nada que precisasse chamar o SAMU!!! Todos regressaram sãos e salvos para casa depois da nossa partida.

O vôo saiu bem no horário, mas aí já estava começando a terceira etapa da jornada, que relataremos no post seguinte.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Sentimentos antes da partida

Estava precisando dizer um pouco do que tenho sentido depois que recebemos nossos vistos. Ou melhor, o que meu corpo tem sentido... Assim, para minha primeira participação no nosso blog, um post sentimental.

Achava a todo instante que estava tudo bem, que mentira!!! Andava rouca, todos me perguntando se tinha acabado de acordar...rs. Depois uma forte dor no estômago apareceu a ponto de me colocar no hospital em Salvador. Em seguida, minha boca se encheu de aftas, nossa, isso incomoda!!! Ah, esqueci, minhas unhas ficaram comidas, só ficou faltando os dedos para terminar...rs.

Depois começei a me acalmar e pensar: quis tanto isso, agora vou em frente e serei feliz. De repente, me deparei hoje com apenas noves dias faltando para embarcar - caramba! nove dias! Vocês não devem ter noção do que são nove dias para dizer adeus a muitos que você sabe que fazem parte de sua vida, àqueles que você sabe que não será tão fácil encontrar para tomar um chop, comer uma pizza, ou ao menos reunir em casa para dar muitas risadas.

Uma angústia começou a aparecer e me vi com lágrimas nos olhos, já sonhando com a visita daqueles que eu amo, como meus pais e irmãos. Sei que no início será um pouco difícil para mim, por falar o inglês macarronico, mas isso não será problema, pois sei que irá mudar com o passar do tempo. Já estamos há duas semanas em Natal, com nossos filhos que já estavamos com saudades e com nossas famílias que já estão sentindo a nossa partida.

Hoje escutei algo tão belo de minha filha de 5 anos, que me deixou emocionada, pois ela me pedia para dar a minha mãe uma caixa de música em forma de sol que ela ganhou quando nasceu, pois, segundo ela, "quando a vovó sentir saudades de mim, ela pode colocar o sol para tocar e assim ela vai lembrar de mim e ficar mais feliz". Quando eu poderia imaginar que minha filha de 5 anos iria falar algo deste tipo?

Estamos felizes por tudo estar caminhando melhor do que imaginávamos e esperamos que seja sempre assim.

Até a próxima, que será no Canadá, a partir do dia 01/11/2007.

Beijos,


Mildred

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A viagem 1: etapa Salvador - Natal

A jornada começou!

Dia 09/10 marca o início da nossa epopéia canadense. Depois de despachar a mudança pela manhã, almoçamos e pegamos a estrada rumo a Natal. Foi uma viagem cansativa e uma triste confirmação de como é desencorajador viajar de carro por este país. Dormimos em Aracaju e chegamos em Natal às 19:30 do dia 10, após uma breve parada em Recife.

O trecho inicial na Bahia (Estrada do Côco + Linha Verde, rodovias privadas) é realmente muito bom e vai até a divisa com Sergipe. Deste ponto até o encontro com a BR-101, em Estância, tudo bem. Daí para frente, só tranqueira. Tudo bem que o governo está fazendo um monte de obra na BR-101 (e em outras, como parte do PAC), mas as obras são tocadas com tamanha falta de respeito aos usuários que nos faz lembrar a cada quilômetro que estamos realmente num país de terceiro mundo. Parece ser tudo meio amador, com pouca ou nenhuma sinalização, deixando a segurança totalmente em segundo plano. Qual será a dificuldade em se pintar a sinalização horizontal imediatamente após a conclusão do asfalto???

Tanto em Sergipe como em Alagoas, muita obra e muito caminhão. Decidimos entrar em Maceió para seguir pelo litoral (AL-101 + PE 060) e gastamos o maior tempão perdidos até reencontrar o caminho. Para nossa (desagradável) surpresa, a AL-101, que estava ótima 18 meses antes quando passamos por lá, já estava um lixo, cheia de buracos. A PE-060 estava ok.

Em Recife, paramos para almoçar no McDonald's do lado da Claro e aproveitamos para rever e nos despedir de alguns amigos. Pena que não deu para subir (desculpa, pessoal...), pois o carro estava cheio de coisa e nossos trajes e condições físicas não nos permitiram.

De Recife para Natal, muita obra de duplicação. Parece-nos que a obra está sendo feita para durar bastante, mas também seguindo os padrões de falta de sinalização e segurança.

Chegando em Natal, fomos premiados com a alegria de rever Gabi e Lucas. É um alívio saber que não vamos mais ter que ficar longe deles.

Vamos ficar aqui em Natal, na casa dos pais de Mildred, até o dia da viagem para o Canadá (etapa 3), que pretendemos fazer por volta do dia 01/11. Vamos comprar as passagens nos próximos dias. Este tempo vai ser muito bom para rever vários amigos que não encontramos há anos. Imagino também o monte de despedidas que teremos que fazer neste período, que vamos chamar de etapa 2...

sábado, 29 de setembro de 2007

Começo das despedidas

É... As despedidas começaram... Semana passada encerrei as atividades em Brasília, onde vinha participando de um importante (e derradeiro) projeto da Claro. Fomos tomar uma saideira no Outback, um dos meus locais preferidos para se confraternizar e naturalmente comer uma Blooming Onion.

No sábado, o pessoal da Claro organizou uma feijoada em Guarajuba, com presença da maoria de nossos amigos de Salvador. O melhor de tudo é que o clima foi só de confraternização, não necessariamente de despedida (ou seja, sem lágrimas).

Não tenho a menor dúvida que é dos amigos que sentiremos mais saudades. Temos sido meio nômades desde que nos casamos (5 anos no Rio, 2 em Recife e agora mais quase 2 em Salvador), sempre construindo um novo grupo de amigos em cada lugar e preservando os antigos a cada nova mudança.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Para começar...

Para começar, o que raios esse pessoal tem na cabeça com esta história de ir embora?

Então, vamos aos primórdios. Tudo começou em abril de 2006, lendo uma reportagem na Veja sobre trabalho no exterior, com exemplos de brasileiros que saíram para ganhar a vida em outro país, legalmente e fazendo coisas interessantes. Para minha surpresa, Mildred disse que toparia fazer algo assim e fomos dar uma olhada nos sites listados na matéria. Eram 6 países e 2 nos chamaram a atenção: Nova Zelândia e Canadá. Demos uma fuçada nos sites, marcamos as páginas nos favoritos e ficamos de voltar depois para descobrir mais informações.

O tempo passou e nada foi feito. Eis que surge então Marquinho (irmão de Mildred) com idéia semelhante: ir embora para o Canadá. Conversamos bastante via Skype (ele morava em Recife, na época) e comentamos que havíamos pensado no assunto anteriormente. Isto parece que reacendeu a chama e começamos a pesquisar mais sobre o assunto, agora já visando o Canadá. Na medida que encontrávamos mais informação, a vontade foi crescendo. Era imprescionante a total ausência de comentários ou experiências negativas. Conversa daqui, conversa dali, fomos descobrindo pessoas do nosso convívio que já haviam tomado a decisão de se mandar. Lá pelas tantas, já sabendo do que precisaríamos para conseguir os vistos e já fazendo as primeiras análise de prós e contras, decidimos que daríamos entrada no processo.

Fizemos isto em Agosto, ainda no processo antigo do Governo Federal, com meta de morarmos em Toronto. Depois de um mês, recebemos a carta do consulado solicitando novos documentos e abrindo nosso processo. Em paralelo, fomos juntando motivos para seguir em frente (e nada de aparecer qualquer coisa que justificasse ficar...). Costumo dizer que cada nova capa de Veja é um novo motivo para ir embora! Dificuldades à parte para conseguir alguns "nada-consta" dos States, conseguimos quitar as pendências em Fevereiro de 2007.

A estas alturas, algumas pessoas mais chegadas já estavam sabendo dos nossos planos, inclusive meu chefe, a quem fiz questão de ser totalmente transparente. Neste período tivemos duas conversas por telefone (Skype, sempre!) com meu primo Trajano, que mora em Calgary há quase 20 anos e já adotou o Canadá como sua pátria de coração. Na primeira conversa, mais motivos para partir (ouvimos tudo o que esperávamos ouvir e mais algumas coisas, boas). Na segunda, ele falou muito bem de Alberta e das minhas perspectivas de trabalho no Canadá, nos deixando muito mais animados e agora já interessados num possível novo destino.

Em Maio veio a solicitação para realização dos exames médicos, o que considero 95% do caminho para o visto percorrido. Para minha mãe, foi aí que a ficha começou a cair... Feitos os exames, apenas 15 dias depois de postados, recebemos uma carta do consulado solicitando que a última taxa fosse paga e que os passaportes fossem encaminhados para carimbo dos vistos. Fiquei sem ar. Mildred quase não se conteve quando soube. Cerca de três semanas depois recebemos os passaportes, algumas instruções e um livreto com orientações. Agora é pra valer!

Para zarparmos, falta só vender um apartamento que temos em Salvador (vai ser nossa reserva estratégica até conseguirmos nos fixar em Calgary) e tomar algumas providências operacionais. Esperamos estar lá entre o final de Outubro e o início de Novembro.

Certamente nossas vidas serão divididas em duas partes, antes e depois da nossa chegada ao Canadá. Há motivos que nos puxam para lá e motivos que nos empurram para fora do Brasil (lamento por estes, mas são bem fortes). Sabemos que vamos deixar saudades, principalmente nas avós e nos avôs, mas eles sabem que Gabi e Lucas poderão ter chances na vida que poderiam não ter no Brasil. Também imporemos uma grande distância dos grandes amigos que fizemos Brasil a fora, mas também estes ficarão felizes quando estivermos bem e felizes no Canadá (além do que eles ganharão um novo e excelente destino de viagem!).

Como forma geral, eis o que esperamos encontrar no Canadá:
  • Civilidade, ou seja, pessoas que respeitam naturalmente as leis (todas as leis, por mais bobas ou básicas que sejam) e a ética e que sejam instintivamente honestas nos seus menores atos.
  • Segurança de poder ir e vir para onde quiser, na hora que quiser, da forma que quiser. Não quero ter que andar com a janela do carro fechada (a não ser que esteja muito frio...), ter que escolher o caminho que vou seguir, ter que cruzar o sinal vermelho de madrugada, ter que espreitar se há algum bandido me esperando quando encostar o carro na garagem.
  • Pagar imposto e vê-lo ser aplicado para o bem-estar geral da sociedade (incluindo o meu!) sem a sensação de que está indo para o bolso de algum político corrupto ou empresário corruptor.
  • Ver nossos filhos usufruirem de educação de alto nível, sem que isto seja um privilégio para poucos.
  • Poder planejar meu futuro sem a incerteza de não ter como sobreviver dignamente após a próxima tormenta econômica ou se eu perder o emprego (será que conseguiria outro?).
  • Abrir janelas de oportunidades para nossos filhos.
  • Poder contar com amparo social em qualquer momento difícil.
  • Não ser extorquido pelo banco quando precisar de crédito imediato.
  • Poder pagar por uma casa com juros irrisórios
  • Poder trabalhar dignamente e ter tempo para dedicar à família, ao invés de sacrificar-me para garantir nosso mínimo sustento.
  • Ter uma vida com confortos inimaginávies para a classe média brasileira, mesmo ganhando menos ou fazendo algo que no Brasil seria classificado como "menor".
  • Dirigir meu carro sem medo de encontrar pela frente um motorista maluco ou um buraco gigante.
  • Poder viajar ao Brasil - ou qualquer lugar do mundo - mediante apenas alguns meses de planejamento.
  • (vou completar esta lista depois que chegar lá, pode ter certeza).

Gente, esperamos fazer deste blog não só um instrumento de comunicação com os que ficam no Brasil, mas também um instrumento de comunicação a qualquer um que possa se interessar em nos acompanhar nesta jornada. Vai ser propaganda mesmo e espero poder "abduzir" muitos dos que lerem nossas aventuras.

Nosso próximo post vai ser quando já tivermos próximos da partida. Um abraço a todos e até lá.