O processo todo levou um mês, entre traduções, validações e preguiça da minha parte...
Aqui em Alberta, funciona assim. A partir dos 14 anos a pessoa já pode fazer a prova teórica e tirar a carteira de motorista, categoria 7, que permite dirigir acompanhado de uma pessoa maior de 18 e que tenha carteira categoria 5. Depois de 2 anos de aprendizado (a partir dos 16 anos de idade!), pode se fazer o teste para categoria 5 e dirigir sozinho, sem qualquer restrição de horário ou local!
A gente tira a carteira em qualquer "registry office", uma espécie de cartório privado para prestação de alguns serviços públicos burocráticos. Eles fornecem um livreto para a gente estudar e a prova é no computador (pode ser em papel também). Tem que acertar 25 das 30 questões e o resultado sai na hora. Para não ter que cumprir os 2 anos de "aprendizado", tive que traduzir minha CNH (50,00CAD) e renunciá-la no dia da prova teórica (17,00CAD). A gente recebe um papelzinho e a carteirinha chega pelo correio, em uma semana. Fiz a prova em meados de dezembro e acertei 27 das 30! Se der mole, leva pau e lá se vão mais 17.00CAD para fazer a prova de novo...
O registry manda a papelada para a sede do departamento de trânsito de Alberta, em Edmonton, para validação do histórico de habilitação no Brasil. Depois de 2 semanas, o sistema é atualizado e a gente pode fazer a prova de direção (55,00CAD). Em tese minha carteira internacional também não poderia ser utilizada, pois é proibido portar mais de uma habilitação... Mas foi com ela que me virei até esta semana... Até o seguro do carro foi feito usando a internacional...
Poderia ter feito a prova prática desde o início de janeiro, mas fui adiando (somos brasileiros, ou o que???). Só tomei a iniciativa mesmo depois de receber uma carta da seguradora dizendo que minha carteira internacional só poderia ser usada por 90 dias da minha chegada ao Canadá, conforme leis de Alberta, ou seja, até dia 31/01! Marquei a prova para o domingo, 27, e, pela segunda vez na vida, me dirigi para o teste de direção... dirigindo! Relembrei meus 18 anos...

Somei pontos em detalhes: não acionei o freio de mão quando estacionei na subida, não olhei para trás para mudar de faixa (fui só pelo retrovisor), só olhei para trás e para a direita antes de dar ré (não olhei para a esquerda) e não parei totalmente antes da calçada, ao sair do estacionamento. Faltas como excesso de velocidade em zona escolar, não parar na placa de pare, cruzar sinal vermelho e coisas do gênero dão reprovação automática. Fiz tudo certinho
Os hábitos ao volante têm que mudar, pois algumas regras são diferentes. Mas o que muda mais é a atitude. Uma das maiores diferenças é que aqui se pode virar à direita quando o sinal vermelho, desde que não venha nenhum carro e não tenha nenhum pedestre atravessando a rua. Também é permitido virar à esquerda num cruzamento controlado por sinal, desde que não venha carro no sentido contrário e o sinal esteja verde. Quando se vê uma placa de pare, é pare mesmo. Nas zonas de escola de de lazer, o limite é 30km/h. Nas ruas normais, 50km/h. Nas avenidas e vias expressas, varia de 60 a 100km/h.
O pedestre, naturalmente, tem outro tratamento em relação ao Brasil. Uma pessoa pode até tomar uma multa por atravessar uma rua fora da faixa ou quando o sinal estiver fechado para o pedestre, mas os carros sempre respeitarão o direito de passagem do pedestre na faixa.
Outro detalhe que o motorista brasileiro tem que se acostumar são os cruzamentos com placa de pare para os quatro sentidos. Totos têm que parar totalmente o carro (mesmo que não tenha mais ninguém no cruzamento) e a prioridade é a seguinte: primeiro qualquer pedestre e depois os carros obedecem a ordem de chegada ao cruzamento. Se chegarem dois carros ao mesmo tempo, o da direita tem a preferência. Não precisa de guarda, de sinal nem de câmera. Todo mundo obedece.
A única coisa que o canadense peca é na velocidade. É muito comum ver o pessoal a 60 na zona de 50, a 100 na zona de 80 ou a 120 na zona de 100. Procuro me manter nos limites, como fazia no Brasil.
Fora as peculiaridades nas leis de trânsito e a civilidade do motorista canadense, os brasileiros vão ter que se acostumar ainda a dirigir carro automático, mas aí já é assunto para outro post.