sexta-feira, 7 de março de 2008

Direitos Trabalhistas em Alberta

Para quem não sabe, o Canadá é um país tipicamente de direita, politicamente falando. Esquerda, por aqui, é só algo não tão à direita. Isto posto, é fácil notar e compreender que quase tudo aqui gira em torno de dinheiro. Nas relações trabalhistas, esta característica mostra-se bastante evidente.

Estou participando de um programa para melhorar a empregabilidade de imigrantes no Canadá, na agência de apoio à imigração Catholic Immigrant Aid Society, onde vários aspectos da empregabilidade são abordados. Vemos desde como formatar o currículo (résumé, como é chamado aqui; CV é outra coisa), cartas de apresentação, como achar e abordar empresas, diferenças culturais etc. Consultores e palestrantes externos são convidados.

Esta semana tivemos um pessoal da Calgary Workers' Resource Centre, uma ONG que defende os direitos dos trabalhadores da região. O foco foi nos direitos dos trabalhadores e a reação geral da turma foi de completo desamparo, com relação aos nossos países de origem. Eu sabia que a legislação trabalhista não era muito amarrada por aqui, mas mesmo assim me surpreendi. Tudo o que o governo (provincial) rege sobre legislação trabalhista está sob o Emplyment Standards Code. Eis alguns pontos que achei bastante relevantes.

(Antes de ler, tenham em mente que várias empresas dão condições melhores e benefícios não obrigatórios, como forma de reter o empregado ou dar-lhe melhores condições de trabalho (e assim gerar mais lucros!!!). Vamos lá:)
  • Os pagamentos podem ser feitos com intervalo máximo de 1 mês. Após 10 dias de atraso, o empregado pode reclamar junto à Employment Standards Comission.
  • O salário mínimo de Alberta é 8.00CND/hora, sendo que o próprio governo admite que a renda mínima adequada para sobrevivência é 12.50CND/hora para um indivíduo (sem dependentes).
  • Horas extras são cabíveis depois de 8 horas trabalhadas em um dias ou se a carga semanal ultrapassar 44 horas. Qualquer cargo de gerência ou supervisão é INelegível a hora extra (daí o cara ser logo promovido à "gerente" depois de pouco tempo de trabalho no McDonald's...). Ganhou o termo "manager" na função, bye-bye hora extra.
  • O turno máximo de trabalho é de 12 horas, com intervalo mínimo de 8 horas entre turnos e pausas para descanso durante.
  • Depois de 30 dias de trabalho numa mesma empresa, o empregado não será descontado se houver um feriado num dia onde estaria supostamente trabalhando (antes disso, disconta o feriado!).
  • Férias são opcionais. A cada mês vem um desconto de 4% no contra-cheque. Depois de uma ano, o empregado escolhe se quer tirar as férias de 2 semanas e receber a grana ou se quer trabalhar e receber a grana.
  • Para se demitir um empregado, a empresa tem que dar uma notificação de 1 a 5 semanas (equivalente ao aviso prévio do Brasil), dependendo do tempo de empresa. Também como no Brasil, muitas empresas optam por pagar o aviso e liberar o empregado. Se o empregado quiser sair, a boa prática recomenda uma notificação de duas semanas.
  • Detalhe: há diferença entre o empregado ser "fired" (o empregado é demitido por performance ou outro fator inerente a ele próprio) ou ser "laid-off" (o empregado é desligado por falta de serviço, reestruturação ou outro fator inerente à empresa).
  • As mães têm direito a licença-materniadade de 15 semanas. Depois disso, a mãe OU o pai pode tirar uma licença remunerada de até 35 semanas. Contudo, o valor que o governo paga é limitado a 55% do salário ou 1.650,00CDN por mês, o que for menor. O empregado pode optar por não usufruir da licença ou usá-la parcialmente. Esta é uma das poucas situações onde não se pode demitir um funcionário.
  • Esqueça atestado médico. Faltou, descontou, não importa o motivo.
  • Caso o empregado deixe de trabalhar por acidente de trabalho ou LER, o governo banca 90% do salário, mas pode esperar uma pressão enorme para voltar logo ao batente. A burocracia é grande e uma agência como a CWRC pode ajudar. Quem paga é o Workers' Compensation Board (WCB). Durante o período de reabilitação, também não é permitido demitir o empregado.
  • Todo mês vem um percentual descontado no contra-cheque a título de seguro-desemprego (Empolyment Insurance, EI). De novo, o valor é limitado a 55% do salário ou 1.650,00CDN por mês, o que for menor. O benefício é pago por no máximo 35 semanas e há uma série de restrições (o governo monitora se o beneficiário está realmente procurando outro emprego e outras coisas). Outra coisa: se o sujeito for "laid-off", pode ser que consiga o EI. Se for "fired" dificilmente conseguirá. Se pedir demissão, sem chance.

Perguntei se em outras províncias a coisa era diferente, mas a resposta foi negativa. É mais ou menos assim em todo o Canadá.

Outro assunto relativo a trabalho diz respeito às modalidades de emprego aqui no Canadá, mas será abordado em outro post (já publicado!).

Abraços!

4 comentários:

Celso_ disse...

Uau. Gostei do posto.

Agora, se não me engano em Quebec licença maternidade é de 1 ano, não? Lembro do Soraia falando sobre isso, corrija-me se tiver errado.

Cecilia Brandao disse...

Renato,

Bem interessante esse seu post!!!

abracos


Cecilia

Christopher Santos Amaral Strehl disse...

Renato,

Muito interessante seu BLOG. Valeus pelo post sobre Direitos Trabalhistas. Nóes que estamos por ir, temos muitas dúvidas sobre este assunto.

[]´s

Daniel
http://chimarraoabaixodezero.blogspot.com

Unknown disse...

OI!!!
Fico trisre de saber que nós brasileiros deixamos nosso país p tentar uma vida melhor aí fora! Mas a vida é feita de escolhas e somos responsáveis por elas! Então aproveitem o tempo e as experiências! Abraço!!!
Bella